CORDÉIS DE FÁTIMA GOMES – O DESCANSO DO HOMEM E MAIS

 

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A Fátima é uma das minhas grandes amigas. Há anos que papeamos, trocamos idéias. Às vezes mais, às vezes menos… 

Mas sempre estamos em contato.

E é uma brilhante cordelista!  O nordeste ganhou uma poetisa que já nos deu até um curso de Cordel lá na comunidade dos livros no Orkut! E escreveu um bonito cordel para o Descanso do Homem onde em cada conto ela enfatizou, mostrou o que há por trás do assunto contado. Isto com finura, inteligência e um toque agradável de humor. O Amor Maior ganhou igualmente um poema!

Muito obrigado Fátima. Não me deixe mal acostumado… É um privilégio muito grande, um presente.
Um grande abraço.

CORDÉIS

LIVRO UM
O DESCANSO DO HOMEM
Fátima Gomes

1
A população logo cresceu
E a ciência evoluiu
A tecnologia desenvolveu
O homem não desistiu
De sonhar com a felicidade
Diante da adversidade
Foi isto que concluiu

2
O descanso do homem
É tudo que ele procura
Isto é mais que importante
Em tudo que se planeja
Navegar em conto e poesia
Aventura e fantasia
Dando vida ao que se almeja

3
Como se fosse único
Aproveitar cada momento
Sendo autêntico e sincero
Sem crítica e julgamento
Rindo ou chorando
Mas sempre valorizando
O bom relacionamento

4-
O ser humano é sagrado
Foi Sêneca que falou
Não precisa temer os deuses
Epícuro confirmou
É só fazer o bem
Não precisa olhar a quem
E o Descanso começou

5-
Tendo um sonho bonito
Com a mulher e a cidade
Ela surgiu radiante
Em tom de serenidade
A magia começou
Mas logo ele acordou
Mesmo assim ficou saudade

6
E aquele lindo sonho
Foi uma bela aventura
Logo lavou a alma
Vendo aquela formosura
Aí tudo começou
Logo, logo ele gostou
Foi uma beleza pura

8
Depois de labutar
Tem a Odisséia da M@di
Prá Mané encontrar
Surge um amor virtual
E quando se cai na real
Vai melhor analisar

9
Assim nascem hitórias
Surgindo todo o dia
Por tras de um computador
Repleta de alegria
As vezes vem decepção
Machucando o coração
De quem busca companhia

10
Até o Lobo Mau
Se confunde com a verdade
Ele busca Chapeuzinho
Pra praticar a maudade
Mas come é a vovózinha
Lhe causando um probleminha
Pra conhecer a bondade

11
E assim ele prossegue
Pro estresse aliviar
Arranja até uma mulher
para dele ela cuidar
Ela tem um dia de cão
E seu bicho de estimação
Vai o lugar dele tomar

12
Com o relógioi no pulso
Seu tempo vai controlando
Mergulha no trabalho
E seu tempo vai passando
Um dia foge da luta
Até o filho ele chuta
Vai com a outra desfilando

13
Cada passo seu
Ele tem de anotar
Se cometer um deslise
A consciencia vai pesar
A noite vira um horror
A agenda muda de cor
Seu erro vai consertar

14
O Descanso do homem
não é facil de encontrar
Independente da profissão
Seja ela até catar
Precisa de inteligência
E também da decência
Pra poder prosperar

16
O homem é um gigante
Mesmo em era moderna
E a mulher é a deusa
Esta conquista é eterna
Do sexo frágil a vitória
Ela mudou a história
Hoje sua vida governa

17
Até com a caçarola
Qualquer um pode explodir
Em hora de desespero
Não se pensa pra agir
Isto a ciencia estudou
Mas nada comprovou
Quem ta fora pode rir

18
Tem certo acontecimento
Que um ri e outro chora
Prá tudo tem solução
É só esperar a hora
Daí vem o aprendizado
O ser é liberado
E o mal que vá embora

19
O medo vai se instalando
No íntimo de cada ser
Aí é quando se para
Pra pensar no que fazer
Aprender a caminhar
Sentir e observar
Para as coisas entender

20
Nas aventuras vividas
Nascem bons pensamentos
Faz se sentir como os deuses
Nos melhores momentos
O afeto e a emoção
Invadem o coração
Brotando bons sentimentos

21
Está mais que na hora
De dar a contribuição
Pra um mundo mais bonito
Começar a construção
O homem vai se acalmando
Lentamente começando
Isto é civilização

22
A prática do esporte
É bom pra relaxar
Nenhum coração resiste
chegando à beira mar
Com a Mulher e o Peixe
Não há nada que lhe deixe
De com os dois sonhar

25
A Noite é o cenário
perfeito para representar
Cada um te seu papel
Até mesmo pra ajudar
Entre medo e escuridão
Vence a disposição
Não se pode é fraquejar

26
Nos momentos mais dificeis
Vem um sentimentalista
Fortalecendo a amizade
Como Giuseppe e Paulista
O amor vence a morte
O sentimento é tão forte
Que a ela até conquista

27
A vida pode ser desenhada
Conforme você quiser
Modigliani meu velho dizia
Quando ele desenhou a mulher
Tudo pode ser bonito
É só transformar em mito
Aquilo que Deus lhe der

28
Na Ilha do sonho
Se vive cada momento
Buscanso sempre a nobreza
Com bom discernimento
A beleza vence o comum
Aventureiro é qualquer um
Que gosta de movimento

29
E assim é a aventura
Cheia de contradição
Mas se a trilha é seguida
Usando o bom coração
O descanso se encontra
E nada lhe amedronta
Em meio a imensidão

30
A caminhada é dinâmica
Não existe um roteiro
A certeza que se tem
é que passa bem ligeiro
O Descanso do é a aventura
Trabalho e laser se mistura
Nosso conto é verdadeiro

32
A vida é complicada
Cheia de vai e vem
Mas o Descanso do Homem
Com certeza ele tem
Nem que seja com a morte
E é bom que se comporte
Ela mostra o mal e o bem

O DESCANSO DO HOMEM
Cordel.
Fátima Gomes

LIVRO DOIS AMOR  MAIOR

1
Tenho muitos amigos
Gari, padre e doutor
Decantei com Mario Nitsche
Filósofo e escritor
Da aventura tirou o saber
Nesta arte de viver
É um grande professor

2
Amante da natureza
Ver a vida como festa
Em longas caminhadas
Venera a floresta
Acompanhado ou só
Descobriu que AMOR MAIOR
Um dia se manifesta

3
Encontrou O Maestro
Deu um aperto de mão
Se olhando no espelho
Tirou uma conclusão:
A mais linda sinfonia
É um indivíduo, que se aprecia
No meio da multidão

4
Para O Amor Teatro
Preparou um palco perfeito
A Espera é caminho incerto
As Duas Vidas é preceito
Se existir traição
O Conselho e opinião
Gera um novo conceito

5
É preciso saber viver… e amar…
Para a felicidade encontrar
Assim como João e Maria
Souberam, O Mistério desvendar
Foi Um Dia Longo pra entender
Pois quem ama tem O Poder
No ofício de educar

6
A história mais linda
Neste livro, vi contar
Um amoroso pai
Para A Moça, foi ensinar
Com muita serenidade
Mostrou que a felicidade
Está em saber amar

7
Foi dado o Intervalo
Para fazer Reflexão
O Homem que Ensinou Sobre a Existência
Deixou nítida conclusão:
Amar é vida e liberdade
Compartilhada com espontaneidade
É que se chega ao coração

8
O Tempo e a Vida
Tem tudo na hora certa
A Centaura é o sono
De encontrar a porta aberta
Como água, ela vem e passa
Não tem forma nem raça
Só deixa um grito de alerta

9
Um Homem chamado Orestes
Recebeu uma missão
Após ouvir seu avô
Fazer uma revelação
O fato foi consumado
Pelos deuses foi perdoado
Ganhou a libertação

10
A Guerra continua
O Centauro marca presença
Mobiliza o universo
Unificando a sentença
Amor é o maior presente
Só o humano sente
Esta força tão imensa!

11
O amor traça caminhos
Que até os deuses duvidam
Ardendo como em chama
Os sentimentos convidam
A fazer A Viagem
Da fantasia à miragem
Nas dimensões que imaginam

12
Somos O Passante e a Vida
Como O Lobo do Mar
Lutamos, fazemos histórias,
Nada fica para contar
Pedro, O Simples foi o sujeito
Igual a ele temos direito
A Biografia, Passeio e O jantar

13
O Final é uma incógnita,
Esquecimento ou multiplicação?
Antes de ter a resposta
O palhaço leva a fatia do pão
Ri da nossa cara,
Uma hora ele para…
Êpa! Chegou a eleição!…

14
Pra todo começo
Tem sempre O Final
Convém lembrar
Que o bem vence o mal
O palhaço que nos assusta
Saberá, um dia, quanto custa
A sua cara de pau

Mario

Quando li AMOR MAIOR
Vi quanta fascinação
O encantamento pela natureza
Lhe dá a inspiração
Pra escrever cada conto
Embora acrescentando um ponto
Guardado em sua mão

Não classifico perfeito
Pra não limitar você
A vida é estrada longa
Temos muito que aprender
E você? em curiosidade
Investiga com profundidade
É um mestre do SABER

Lhe dou a nota máxima
No quesito harmonia
Você escreve romance,
Aventura e Mitologia
Juntando os ingrediente
Do seu sub consciente
Tudo vira FILOSOFIA

Lhe consagro um mito
Peço sua permissão
Pra lhe colocar ao lado
De Patativa e Gonzagão
Os três teem a maestria
Pra transformar em melodia
O fruto da imaginação

Lhe deixo um abração
Com apreço e sentimento
Você tem contribuído
Com o meu crescimento
Sua amizade é preciosa
Uma dádiva valiosa
Este é meu simples agradecimento

Autora: Maria de Fátima Gomes
Sobral – Ce  Maio /2009

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OS MENINOS QUE ENGANARAM O CAPETA

No meu tempo de criança
Histórias ouvi contar
Por minha vó e meu pai
Que tentavam nos mostrar
Todos os lados da vida
Com intuito de educar

Falavam de fantasia
Também de fato real
Pra ouvir e refletir
E tirar lição moral
Concluindo que o bem
É que sempre vence o mal

Das fábulas que ouvi
Uma aqui quero narrar
Das crianças que conseguiram
O capeta enganar
Quando foram escondidos
Dentro do mato brincar

Fazendo mil ravessuras
Pra curtir a natureza
Munidos de baladeiras
Preparados pra defesa
Também havia perigos
Junto com tanta beleza

Numa destas travessuras
Os meninos se assustaram
Ouvindo um grande barulho
Por isto não esperaram
Sem saber o que fazer
Desesperados gritaram

Viram faíscas de fogo
Caindo só de um lado
Curiosos foram ver
O que tinha de errado
Sendo lá o que fosse
O bando foi preparado

Era o capeta que ía
Pertubar os caçadores
Quando se bateu de frente
Com os seus opositores
Tinha medo de guris
Por serem os vencedores

Procurou uma saída
Pra escapar do motim
Foi aí que resolveu
Se transformar num cupim
Com criança ninguém pode
Foi somente estopim

– 2-

As crianças não encontraram
Nada fora do normal
Desconfiaram que aquilo
Era sobenatural
Rezaram pro Padim Ciço
Pra livrar eles do mal

Ficaram aliviados
Com  bela vegetação
Em cima de um piquizeiro
Algo chamou  atenção
Tinha um grande cupim
Com forma de um coração

Os meninos fetejaram
Vendo aquela obra prima
Armaram as baladeiras
Pra jogar pedra em cima
O chafurdo foi tão grande
Que mudou até o clima

Cada pedra que atiravam
Caía um pedaço no chão
O barulho era tão forte
Parecia um trovão
E o capeta se lascou
No meio da confusão

– 3 –

Enquanto o capeta sofria
Os meninos se abraçavam
Era uma gande vitória
Que eles comemoravam
Que o capeta era o cupim
Eles nunca imaginavam

O capeta indignado
Se revelou perdedor
No quesito da maldade
Tem diploma de doutor
Botou o rabo entre as pernas
Pois era bom vingador

Se reuniu no inferno
Para tentar descobrir
Qual seria a estratégia
Para o mal retribuir
Encarnar num animal
Fica fácil de atrair

Esperou com paciência
Os meninos retornar
Era a hora do capeta
Voltar para se vingar
Encarnado em gato preto
Para eles assustar

A molecada inocente
Correu pra dentro do mato
Esbarraram assustados
Bem em cima de um gato
Que estava zangado
Querendo pegar um rato

– 4-

Apreciaram a cena
Ao som de grito e risada
O felino almejava
Mexer com a criançada
Como menino não pensa
Começou a emboscada

Só fizeram uma roda
Deixando o gato no meio
Se sentindo fraquejado
Miava pedindo arreio
Sem dó e piedade
Puniram o bicho feio

Alegres foram correndo
Ao campo brincar de bola
Levaram o gato preto
Dentro de uma sacola
Até terminar o racha
Assim ele não amola

Deixaram o coisa ruim
Ciscando em cima da grama
Para ele dormir em paz
Era ali sua nova cama
O momento era propício
Para ganhar nome e fama

– 5 –

Todos  eles já sabiam
Que gato preto dá azar
Isto não é novidade
Diz a crença popular
Resolveram desta vez
A sorte deles  virar

Depois de muito cansaço
Terminaram a brincadeira
Saíram desembestados
Para descer a ladeira
Foi quando alguém lembrou
Que  tinha feito besteira

O que  estava errado
Era fácil resolver
Com a presa amarrada
Tinham eles o poder
Não deixaram para traz
Para não se arrepender

O capeta vingativo
Já sabia o que fazer
Sua vingança maligna
Ía agora  acontecer
Era a hora de mostrar
De quem era o poder

– 6 –

Apostava na maldade
Com as unhas afiadas
Deixava nas pernas deles
As mais cruéis azunhadas
Para ficar por bom tempo
Sem poder jogar pelada

Quando menos esperava
Foi de novo aprisionado
Sem direito a defesa
Muito bem empacotado
Em um poço de água fria
Ele foi arremessado

Entre pulos e miados
O coisa desencarnou
Foi assim que o gato preto
Da maldade se livrou
Cada um tomou seu rumo
O tormento acabou

Criança age por impulso
Desconhece a razão
O coração fala forte
Na hora da decisão
E o capeta se arrepende
De comprar a confusão

– 7 –

De volta para o inferno
Na caldeira foi jogado
Por todos membros da corte
Ele foi apedrejado
Em cima de uma fogueira
Outra vez sacrificado

Com o severo castigo
Descobriu o que é verdade
Não adianta mexer
Com quem tem baixa idade
A tentação funciona
Pra quem tem maturidade

A criança vem ao mundo
Para receber amor
No ventre ela recebe
A  bênção do Criador
Sua inquietação vigora
Como instinto defensor

Que a criança sobreviva
Com esta inquietação
Para assim se defender
No mundo da tentação
Crescendo com dignidade,
Carinho e atenção.

Autora: Maria de Fatima Gomes
Fortaleza, JUN/2012

SOBRE A ÁRVORE JUAZEIRO

Sobre a árvore  Juazeiro
Aqui venho postar
Com rimas do Wanderley
Cordelista do Ceará
Ele descreveu tão bem
Que resolvi divulgar

Em qualquer crônica ou lenda,
Conto, cordel, reportagem
Que fale do cearense,
Do seu talento e coragem,
Terão que está no roteiro
Bem no centro da paisagem

É uma árvore xerófila
Que retira da umidade
Água para resistir
A toda dificuldade;
É verde constantemente,
No inverno ou no sol quente
Ofera sombra à vontade

Ele é próprio da caatinga
Da nossa mata nativa
A copa frondosa e densa
A passarada cativa;
Quando é queimada parece
Morta, mas logo enverdece,
Para mostrar que está viva

Já se tornou tão famosa
Que virou prosa e poesia;
Hoje é nome de cidade
No estado da Bahia,
E de outra de reza forte
Que é o Juazeiro do Norte,
A terra da romaria!

Virou música popular
Na voz do Rei do Baião
Cantada de sul a norte,
Na cidade e no sertão;
Todo forró verdadeiro
Tem que tocar Juazeiro,
Sucesso de Gonzagão

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A TRAIÇÃO NO ARMÁRIO

Este mundo está perdido
Podemos acreditar
São estórias cabeludas
Que ouvimos contar
Mas muitas são verdadeiras
Tem  gente que faz besteiras
E os outros vão divulgar
II
Hora rindo, hora chorando
A adolescente contava
Na nitidez das palavras
Aquilo lhe incomodava
Pois seu papis soberano,
Seu herói por muitos anos
Agora lhe envergonhava
III
Sempre deu bons exemplos
À família dedicado
Lentamente perceberam
Que ele estava mudado
De forma misteriosa,
Foi pela mãe poderosa
Cada  gesto observado
IV
Foi a sua delicadeza
Que  despertou  atenção
Queria que tudo tivesse
O toque da perfeição
Daí  a desconfiança
Gerada da tal mudança
Virou uma obsessão
V
A mulher de orelha em pé
Começou a lhe seguir
Não vendo nada anormal
Pensava em desistir
Achando que estava noiada
Pra persistir na parada
O remédio foi fingir
VI
Mas o tempo ia passando
Sem querer acreditar
A cegueira daquele amor
Conseguiu lhe enganar
Pois ciúme é  sentimento
Que tira o discernimento
E ajuda a perdoar
VII
Ainda desconfiada
Resolveu seguir em frente
Mas todo dia percebia
Que ele estava diferente
O seu jeito de falar
Começava a incomodara
Lhe deixando descontente
VIII
Toda noite ele saía
Pra assistir reunião
E como fiel esposo
Não cumpria obrigação
Sempre tinha uma desculpa
Pra se eximir da culpa
Da  suposta traição
XIX
Era com dor de cabeça
Uma virose ou cansaço
Às vezes era dor de dente,
Náusea  ou algum inchaço
Ficando compadecida
Sá havia uma saída
Lhe embalar com um abraço
X
Com a paciência esgotada
Tirou uma conclusão
Desde o começo do mundo
Existe imperfeição
Tudo que podia foi feito
Agora só tinha um jeito
Voltar a investigação
XI
Pediu conselho a família,
Aos amigos e vizinhos,
Não querendo comprar briga
Lhe ouviram com carinho
Pois entre marido e mulher
Não se mete a colher
Desviavam o caminho
XII
Eram noites de insônia
A espera do marido
Só ela sabia o quanto
Aquilo era dolorido
No meio da escuridão
Só restava a solidão,
Companheira dos esquecidos
XIII
Não adianta sofrer
Pela antecipação
O tempo é o melhor remédio
Pra encontrar solução
Ao acordar no outro dia
Outra vez não entendia
E seguia seu coração
XIV
Finalmente ela encontrou
Uma parceira fiel
Veio como um raio de luz
Que foi jogado do céu
Com o intuito de ajudar
Só queria desvendar
Qual dos dois era o réu
V
A primeira atitude
Foi com os dois conversar
Cada um tinha uma  estória
Diferente pra contar
Quem  falava  a verdade
Mesmo sem haver maldade
Em quem  ia acreditar?
XVI
A parceira era a filha
Daquele ilustre casal
Com tanta desconfiança
Vivia se sentindo mal
Para se livrar do problema
Elaborou um esquema
De uma forma racional
XVII
Sem querer tomar partido
Pra tudo finalizar
Resolveu seguir os dois
Pra se tranquilizar
Cada passo era um tormento
Ferindo seu sentimento
Considerava um azar
XVIII
Chegou a acreditar
Que sua mãe era birrenta
Estava descontrolada
Por ser muito ciumenta
Nesta situação ruim
Quis seguir até o fim
Estava muito atenta
XIX
Um dia saiu da escola
Foi com as amigas passear
Tinha como objetivo
Daquilo se afastar
Pra sua grande surpresa
Por ordem da natureza
Ela foi se deparar
XX
Com seus  cabelos grisalhos
E o corpo bem sarado
Aparência sedutora,
Também muito educado
Numa loja se encontrava
Vendo o que ele comprava
Suspeitou de algo errado
XXI
Paralisada ficou
Simplesmente observando
Peças íntimas, femininas,
Era o que ia levando
Esta compra duvidosa
Lhe deixou mais curiosa
Uma luz foi clareando
XXII
Se fingindo de otária
Dele se aproximou
Como já ia para casa
Uma carona pegou
Pra o pacote suspeito
Disfarçada deu um jeito
Porém nada perguntou
XIII
Perdeu a noite de sono
Ansiosa pra contar
No outro dia procurou
Sua mãe pra perguntar
De uma forma inteligente
Se ela ganhou presente
Sem  desculpa inventar
XIV
A mãe balançou a cabeça
Gesticulando que não
Aí  ela soltou o verbo
Dando sua opinião
Pois aquilo que ela viu
Na sua pele sentiu
O sabor da traição
XXV
A contagem regressiva
Começou  no outro dia
Cada hora que passava
Nova ideia aparecia
No meio desta muvuca
Só armando uma arapuca
O segredo descobria
XXVI
Tudo estava em ordem
Como manda o figurino
Estava chegando a hora
Pra se cumprir o destino
Se uma porta se abriu
Com coragem seguiu
A intuição feminina
XXVII
Foi no começo da noite
Que o coroa apareceu
Pra jantar com a família
Era o aniversário seu
Aquele momento pros dois
Mudou de rumo depois
Que o celular atendeu
XXVIII
Entrou no carro apressado
Sem prestar muita atenção
Mãe e filha foram a traz
Já tinham a carta na mão
Aquelas peças compradas
Certamente programadas
Para a comemoração
XXIX
Acompanharam tranquilas
Se sentindo descontente
Movidas pelo desejo
De descobrir a serpente
Não olharam para traz
Seguiam ligeiro e audaz
Cada uma mais valente
XXX
Foi entrando num Motel
Sem saber que foi seguido
A dupla considerava
O plano bem sucedido
Com um chute a porta quebrou
Enfurecida gritou:
– O canalha é meu marido!
XXXI
Pra finalizar a história
Foi grande a decepção
Uma cena chocante
Que cortava o coração
Pois aquele salafrário
Quis esconder no armário
Toda a sua frustração
XXXII
No quarto com um gatinho
Maquiado de mulher
Vestido com lingerie
Pousando de quatro pé
Foi tão grande a estrepolia
Que destruiu a família
Como se fosse uma maré

Maria de Fatima Gomes
Fortaleza – março/2014

VIAJANDO NO HORIZONTE
DA SABEDORIA

Desde a criação do homem
Um livro foi publicado
Embora só na memória
Boca a boca repassado
Pelo sábio e o matuto
Inda hoje é lembrado

Trata de auto-ajuda
Reflexão e filosofia
Traz de volta o passado
Pode fazer profecia
No presente é conselheiro
Em decisões auxilia

Uns chamam Provérbios;
Outros, Adágio popular
Cada um que batize
Como lhe convém chamar
Vale é a mensagem
Na hora que precisar

Mergulhemos com prazer
No horizonte da sabedoria
Lembrando sentenças breves
Que todo vovô dizia
Na voz da experiência,
Elegantemente saía.

______________________________________________

ABCDÁRIO DO HOMEM TRAÍDO
Um Cordel complexo…

Bendito seja meu Deus
Pela nobre criação
Fez o homem e a mulher
A completa perfeição
Tendo o domínio da terra
A sua obra se encerra
Com a nossa reprodução

Escolhido livre arbítrio
Que a eles foi concedido
A plantação do presente
É no futuro é colhido
Saindo o homem saiu na frente
Visto como inteligente
E guerreiro  destemido

A mulher  mais ponderada
Agiu pela emoção
Preparando seu terreno
Antes da plantação
A colheita demorou
O homem ela colocou
Na palma de sua mão

Batizada de Amélia
Foi a rainha do lar
Fiel aos seus valores
Demorou a se acordar
Vendo  as informações
Fez algumas correções
Para se emancipar

No século XIX
Começa a revolução
Amélia dá o fora
Cansada da exclusão
Dá o seu primeiro passo
Conquistando um espaço
Com mais determinação

Como sempre, o feitiço
Cai sobre o seu feiticeiro
O homem descendo do palco
Vê o circo do poleiro
Na  encenação do drama
Amélia vira a dama
Pondo nele uma coleira

Batizado de Mané
Sente-se um fracassado
O hábito de pular muro
Por ela foi copiado
Não aceitando a mudança
Sente o gosto da mudança
Antes de ter degustado

Mane inconformado
Com o peso da traição
Considerou seu reinado
De uma curta duração
Estando na  vida  avessa
Ele  passou pra cabeça
O que tinha em sua mão

Amélia, sendo estilista,
Usou a imaginação
Criou modelo de corno
Conforme a situação
Pronto ela alfineta
Colocando etiqueta
Para apreciação

Com  corno ATREVIDO
Começa a apresentação
Se metendo na conversa
Da mulher com Ricardão
Por ser bem habilidoso
Consegue ficar famoso
Chamando muita atenção

Depois vem o corno BRAHMA
Sem preconceito algum
Com nitidez em seu chifre
Se sente o Número um
Vive contando vantagem
Pra limpar a sua imagem
Não guarda trauma nenhum

Eleito o mais comovente
Chamado corno  CEBOLA
Aquele que muito chora
Quando ve sua crioula
Por outro lhe trocando
E ainda lhe xingando:
Marido velho  boiola

Vem o corno DETETIVE
Que sabe bem disfarçar
Seguindo a mulher dos outros
Pronto para espionar
Enquanto isto a sua
Vai andando solta na rua
Livre para namorar

Destaca-se o corno ELÉTRICO
Que se faz de lesado
Quando é por um amigo
Sinceramente alertado:
– Tua mulher ta te traindo!
Ela responde sorrindo:
– Isto eu já estou ligaaaado!…

Para divulgar sua marca
Tem o corno FOFOQUEIRO
Fazendo sua propaganda
Sem ter pensado em dinheiro
Conta de forma notória
Resumindo sua história
Para Deus e o mundo inteiro

Carregando as belas gaias
Que só ele agüenta
Diz o corno GELADEIRA
Aquele que não esquenta
Para adquirir fortaleza
Só se entregando a frieza
Como a pedra noventa

Já o corno HEREDITÁRIO
Tem uma boa educação
Passa para os seus filhos
Se cumprindo a tradição
O Chifre não é problema
Faz parte do esquema
De toda essa geração

Uma hora a passarela
É decorada com flor
Para logo receber
O famoso corno IÔ-IÔ
Aquele que vai e volta
Indeciso se comporta
Como  sendo um bom ator

Enquanto o corno MEDROSO
Torna-se revelação
Confessa ficar com medo
De virar assombração
Ficando às escondidas
Esperando uma saída
Do fantasma Ricardão

Enquanto o corno  PREGUIÇA
Fica desorientado
Para carregar o chifre
Não foi muito preparado
Aí conforta seu ego
Dizendo: -ainda te pego
Mas ele só chega atrasado

Criado como um rei
Adulto foi coroado
Recebendo até troféu
De corno ORGANIZADO
Recebendo a carteirinha
Sua mulher é a certinha
E ele termina noiado

Todo homem que foi traído
Se considera impotente
Passa a troca de parceira
Buscando vida descente
Se pega a mulher errada
Padece na mesma estrada
Sendo corno REPETENTE

O corno SALÁRIO MÍNIMO
Não dispõe de sensatez
O baixinho  comparece
Somente uma vez por mês
O preço alto ele paga
A mulher preenche a vaga
Até vizinho é freguês

As linhas tortas da vida
Quase ninguém sabe ler
Como o corno TERREMOTO
Quando vir a sua mulher
Agarrando Ricardão
Abala o seu coração
E não para de tremer

Muitas coisas acontecem
Quando não mais se espera
Dá coceira na cabeça
O macho se desespera
Fica muito prepotente
Este é o corno VALENTE
Que depressa vira uma fera

Ao contrário deste aí
Tem uns que ficam mansinhos
Chamados de  corno XUXA
Desmancham-se em carinhos
Sabe escolher o que quer
Diz que não deixa a mulher
Só por causa dos baixinhos

Quem tira mais  vantagem
É o corno ZELADOR
Infiltra-se na família
Com prestação de favor
Leva os guris pra escola
Traz do carro a sacola
Como fiel servidor

Ponho o meu ponto final
Por já está concluído
O abecedário simples
Do pobre homem traído
Este é o tempo moderno
Nada na vida é eterno
Em seu tempo é resolvido

Atire a primeira pedra
Quem nunca foi chifrado
Se não foi como cônjuge
Já foi  como namorado
Siga o exemplo do boi
Veja  que o verbo “FOI”
Está  no tempo passado

Para Amélia é mais leve
Vem como premiação
Põe o chifre na cabeça
E no bolso uma pensão
Só Mane que é azarado
O chifre é mais pesado
Pois ajuda a Ricardão

Não fique triste, você,
Se estiver incluído
Esta lista continua
Aguardando o embutido
Nunca perda a alegria
Chifre é só fantasia
Podendo ser revertido

Nosso maior patrimônio
É ter uma identidade
Com trabalho é que se mostra
E vence a dificuldade
Chifre a gente serra
Para andar não falta terra
Com amor e liberdade

Autora: Maria de Fátima Gomes
Sobral – Ce  Março/2010

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CHIQUINHA GONZADA
CORDEL
Fátima Gomes

Vítima do preconceito
Desde sua geração
A família não aprovou
De seus pais, a união
Também não reconhecia
A menina que nascia
Da bendita relação

Seu pai era militar
De família abastarda
Homem de princípios rígidos
Justo e não temia nada
Com uma negra se casou
Sua família formou
Com esmero, educada

Sendo filha primogênita
Daquele nobre casal
Educação foi o ingresso
Para a corte imperial
Tendo boa aceitação
Andou com dedicação
Na estrada musical

Na sociedade de então
Mulher era limitada
Aos afazeres doméstico
Era ela destinada
A rica tinha vantagem
Com direito a aprendizagem
Em música qualificada

Francisca Edwirges quebrou
Os tabus da sociedade
Machista e escrupulosa
Julgava sem piedade
Aprendeu tocar piano
E a vida traçou seu plano
Nas asas da liberdade
Recebeu este incentivo
Como seu primeiro amor
Nele plantou a semente
Para dele colher a flor
Na safra teve a bonança
Começou desde criança
Sentir da fama o sabor

Numa noite de Natal
Ela se apresentou
Era festa em família
Como estrela brilhou
Foi sua primeira missão
Com sua composição
Que o irmão lhe inspirou

Aprendeu muitas canções
Era bastante aplaudida
Toda sua experiência
Foi com a família adquirida
Sendo ela admirada
Por ser criança dotada
Sua arte era exibida

Depois de abraçar a música
Viveu uma turbulência
Foi apresentada ao noivo
Inda na adolescência
Por ter cedo se casado
Não abandonou o teclado
Na difícil convivência
Os pais deram de presente
No dia do casamento
O desejado piano
Para seu contentamento
O esposo enciumado
Por ela ter se dedicado
Fez vender o instrumento

Tentando apaziguar
Comprou um violão
Pra continuar tocando
Fugindo da depressão
Não nasceu pra lavar prato
Recebeu um ultimato
Como a libertação

Foi pagando um alto preço
Por tomar esta atitude
Sofrendo recuperou
A perdida juventude
Com toda sua coragem
Abandono foi a passagem
Para alcançar plenitude

Voltou a estaca zero
Sem nenhum privilégio
Tinha na ponta dos dedos
Da vida, o melhor colégio
Na cabeça a inteligência,
Na música a influência
Superou o sacrilégio
Os preceitos sociais
Ela já sabia driblar
A segunda união
Não temeu em aceitar
Como uma maldição
Mais uma separação
Com os filhos foi morar

Apesar de durar pouco
Ela não se abateu
Foi confiante na música
Que a ela recorreu
Começou as aventuras
Vendendo suas partituras
E assim sobreviveu

Professora de piano
Conquistou muita amizade
Fez uma boa parceria
Tinha criatividade
Fez conjuntos orquestrais
E sempre querendo mais
Primava por qualidade

Em uma ocasião
Começou sua escalada
Na polca de um amigo
Que a ela foi dedicada
Chegando na hora certa
Foi a sua porta aberta
Para dar uma engrenada
Se juntou com este amigo
No choro ingressou
Tocou em bailes e teatros
Muitas festas freqüentou
Compôs a polca “Atraente”
Seu estilo diferente
A família irritou

Pelos meninos escravos
A polca era cantada
A família Gonzaga
Ficou mais indignada
Provocando a desventura
Destruiu as partituras
Pra venda ser bloqueada

Ela se fortalecia
Com tanta humilhação
Recebia como se fosse
Na veia, uma injeção
Veneno curava tédio
Era precioso remédio
Para sua inspiração

Aquela jovem senhora
Era bem requisitada
Estreou de maestrina
De um amigo acompanhada
Tornou-se então pioneira
Das mulheres, a primeira,
Que em cena foi levada

Regeu a banda de música
Da Polícia Militar
Foi alvo de comentários
Tentando lhe macular
Mas ela não viu atalho
Importava era o trabalho
Que ia apresentar

Participou de concerto
Para Alteza e Majestade
Encantou primeira dama
Com sua capacidade
As duas inconformadas
Se tornaram aliadas
Na luta por liberdade

Com a sua irreverência
Atingiu autoridade
Usando fatos políticos
Para expressa verdade
Se a palavra convenceu
Foi a música que venceu
Ganhando imortalidade

Palavras são como flechas
Jogadas não voltam mais
E músicas ficam gravadas
O tempo leva e traz
Sendo que a composição
Fica sobre a proteção
De direitos autorais
A conquista do direito
É fruto da maestrina
Alguém embolsou seu lucro
Ela procurou vacina
Fundou uma sociedade
Para dar privacidade
Ao compositor que assina

Deixou um grande acervo
Com 2.000 composições
Impressas ou gravadas
Trazem boas recordações
“O Abre Alas” no carnaval
Foi concedido o aval
Para animar foliões

Musicou versos de escritores
Da poesia brasileira
Osório Duque de Estrada,
Alberto de Oliveira,
Viriato, Casimiro,
Estes, os que mais admiro,
Oscar e Raul Pederneiras

Entre o homem e a mulher
Causou uma revolução
Foi exemplo de trabalho,
Idealismo e dedicação
Mostrou que a liberdade
Começa com a igualdade
Preconceito é regressão

Autora: Maria de Fátima Gomes
Fortaleza, fevereiro\2011

Se juntou com este amigo
No choro ingressou
Tocou em bailes e teatros
Muitas festas freqüentou
Compôs a polca  “Atraente”
Seu estilo diferente
A família irritou

Pelos meninos escravos
A polca era cantada
A família Gonzaga
Ficou mais indignada
Provocando a desventura
Destruiu as partituras
Pra venda ser bloqueada

Ela se fortalecia
Com tanta humilhação
Recebia como se fosse
Na veia, uma injeção
Veneno curava tédio
Era precioso remédio
Para sua inspiração

Aquela jovem senhora
Era bem requisitada
Estreou de maestrina
De um amigo acompanhada
Tornou-se então pioneira
Das mulheres, a primeira,
Que em cena foi levada

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Regeu a banda de música
Da Polícia Militar
Foi alvo de comentários
Tentando lhe macular
Mas ela não viu atalho
Importava era o trabalho
Que ia apresentar

Participou  de concerto
Para Alteza e Majestade
Encantou primeira dama
Com sua capacidade
As duas inconformadas
Se tornaram aliadas
Na luta por liberdade

Com a sua irreverência
Atingiu autoridade
Usando fatos políticos
Para expressa verdade
Se a palavra convenceu
Foi a música que venceu
Ganhando imortalidade

Palavras são como flechas
Jogadas não voltam mais
E músicas ficam gravadas
O tempo leva e traz
Sendo que a composição
Fica sobre a proteção
De direitos autorais

A conquista do direito
É fruto da maestrina
Alguém embolsou seu lucro
Ela procurou vacina
Fundou uma sociedade
Para dar privacidade

Ao compositor que assina
Deixou um grande acervo
Com 2.000 composições
Impressas ou gravadas
Trazem boas recordações
“O Abre Alas” no carnaval
Foi concedido o aval

Para animar foliões
Musicou versos de escritores
Da poesia brasileira
Osório Duque de Estrada,
Alberto de Oliveira,
Viriato, Casimiro,
Estes, os que mais admiro,
Oscar e Raul Pederneiras

Entre o homem e a mulher
Causou uma revolução
Foi exemplo de trabalho,
Idealismo e dedicação
Mostrou que a liberdade
Começa com a igualdade
Preconceito é regressão

Autora: Maria de Fátima Gomes
Fortaleza, fevereiro\2011

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