Foto – De Mario Nitsche
Com Adilse Koerbel
ADILSE
Lá pelo fim do ano de 2.007 eu conhecia o Mario há pouco tempo.
Li o Descanso do Homem. Gostei, Refleti. Páginas de Alegrias, amor e sustos. Escrevi a ele e perguntei sobre o que o movia a escrever. Vender livros? Ser conhecido?
Tivemos um breve diálogo por e-mail e pude sentir a sua filosofia de vida e os motivos dele para escrever e comunicar.
MARIO
Adilse, o livro que pode comunicar idéias nasce quando se estabelece um vínculo de comunhão real, intelectual e até emocional entre o escritor e o leitor. Ou alguns leitores. Não necessariamente muitos. Cria-se um elo decorrente da ressonância de idéias inconscientes e conscientes comuns entre leitor e escritor. A leitura é o passo mágico. Esta amizade leitor/escritor faz com que o livro seja mais do que uma história de amor ou desamor. Surgem os conceitos. Elas, as ideias influenciam um pedaço pequeno do mundo.
Quando fui entrevistado em Caruaru pelo SBT, no lançamento do Descanso do Homem o repórter perguntou:
– O que você pensa sobre literatura. Porque você escreve?
Disse a ele mais ou menos assim:
Escrevo porque existo; tenho uma história que respeito. Numa época participei na aventura de uma experiência importante: a de pesquisar uma filosofia de vida baseada em relacionamentos o que criou um grupo pequeno e a idéia de grupos pequenos. Com alguns deles, depois, tive uma vasta correspondência. Aquele momentum terminou quando o grupo ficou formal e grande demais. Ficaram pouquíssimos e bons amigos. Olhando para mundo, nos dias de hoje resolvi contar o que penso. Expor conceitos conscientes e estimular os inconscientes… Como vejo a vida e relacionamentos. Acredito que o compromisso maior que o escritor tem no mundo é ACHAR OS SEUS LEITORES! Quem se identifica com o que ele escreve. Descobri-los, formar um amálgama de pensamento com eles ser ajudado por eles e ajudá-los! Quem tem quatro ou cinco leitores neste bonito planeta e escreve a sua visão do mundo – mesmo limitada – é um escritor. Por isso eu escrevo.
E há um passo além, Adilse. Encontrado o leitor ou os leitores, quero que eles se multipliquem! Mas num processo e não via mídia! Não é vender livros e sim multiplicar os que me lêem! Os que se identificam comigo.
Tenho poucos exemplares do Descanso do Homem. Sinto-me num primeiro estágio do estar realizado. Já tenho em Porto Alegre, Erexim, Curitiba, Florianópolis, Lages, São Paulo, Botucatu, Rio de Janeiro, Minas, Ipatinga, Salvador, Recife, Caruaru, poucos e bons leitores e troco idéias com alguns deles via e-mail. Também se mandaram alguns Descansos para os Estados Unidos, Portugal, Itália, Argentina. Agora é a aventura da multiplicação!
Gostei muito do que um leitor escreveu:
“É bastante provável que Mario Nitsche venda menos que Bruna Surfistinha. Kelly Key, igualmente vende mais que Pavarotti.
A mediocridade vem arrebanhando enorme quantidade de adeptos, nesses dias em que vivemos.
Mas também, com maior probabilidade ainda, Bruna será esquecida em pouco tempo, e suas ‘obras literárias’ na próxima década, talvez não sejam encontradas sequer em latões de lixo das nossas bibliotecas públicas.
Mario Nitsche, no entanto, permanecerá eternamente com seus pensamentos impregnando alguns espíritos desejosos de uma melhor compreensão dos desígnios humanos.
Esse é um enigmático e zombeteiro axioma voltado para as grandes manifestações intelectuais.”
Ele entendeu! Um encontro de inconscientes e um desejo de:
“impregnar espíritos desejosos de uma melhor compreensão dos desígnios humanos.”
E a aventura continua!
Um abraço.