FILOSOFIA – EDWARD SAID A ORIGEM DO IMPÉRIO

EDWARD SAID.FILÓSOFO

FILOSOFIA POLÍTICA

“Todo o Império diz a si e ao mundo
que ele é diferente de todos os
outros.”
Edward Said (1935-2003)

Corajoso, genial, assustador…

Em 1978 Edward Said, filósofo palestino publicou ‘Orientalismo’ (Observe o ISMO) onde expunha como o modo de descrever as sociedades islâmicas por pensadores europeus no século XlX mostram que elas estavam sendo descritas em seus jeitos de ser em nítido contrate com as ideologias imperialistas das nações europeias.
Ou seja, os estudos eram críticas dos pensadores sob o ponto de vista das ideologias europeias como sendo elas um padrão muito melhor para ser, digamos… seguido pelos estudados.

Said continuou com a mesma linha de pensamento em toda a sua obra posterior ressaltando que mesmo que sejamos críticos – e uma vasta literatura e até filmes nos ajudam em sê-lo – com relação aos impérios de antes, eles viam a si mesmos como portadores de um grande bem ao mundo e um presente ao povo ‘ajudado,’ e diferente deles. Os Impérios sentiam-se o grande presente prometido sob a forma de uma civilização mais apurada, nova em essência. Visão não compartilhada por muitos dos que estavam sendo ‘ajudados’.

Dependendo da reação dos povos servidos o império da vez utilizava a tradicional ‘força bruta’ para poder continuar ajudando… O processo do surgimento da violência, até hoje vem travestido de ‘ações civilizatórias’ para o império continuar a missão de dar o fino presente de si mesmo.

Said advertiu com seriedade que devemos cuidar com os discursos atuais de qualquer nação que esteja intervindo em outros países. Fica de olho meu amigo. O preço da ajuda ou do presente pode ser caro demais. Pode ser a vida do ajudado.

Poderíamos acrescentar ao pensamento de Said que um império necessariamente não nasce como tal. Muitas vezes uma descoberta, uma ideia simples e bonita ou um conceito importante para a vida possui a magia de reunir um grupo pequeno que principia a vivê-los bem e aprende-los melhor. Com algum tempo de estrada mais gente vêm e há um ponto crucial, diretamente proporcional ao número de pessoas, quando a visão muda. Ela se transforma na mística do aumento quantitativo de pessoas ao grupo bem como a organização do mesmo. Nesse ponto as decisões são feitas com base no senso comum. O não bem compreendido por esse grupo ou país em outros grupos passa a ser vislumbrado como algo errado neles ou até uma ameaça.

Com anos, finanças e poder a ideia inicial (agora só um símbolo com muitas interpretações) será objeto de imposição como absolutamente necessário para salvar um especifico grupo, um indivíduo ou até mesmo um povo. Desnecessário dizer que, inclusive, o império nem precisa ser tão grande. Um clube ou – mais comum – um grupo religioso podem ser ‘perfeitos’ para comunicar o conceito da imposição como o Said observou.

Ampliando com um exemplo absolutamente atual e prático ao pensamento de Said há cinco dias o “orientalismo” citado por ele marcou o mundo com um ferro em brasa. O Exercito Islâmico um ISMO radical da bonita cultura e religião islâmica, demonstrou ao mundo num ataque relâmpago à Paris, que há mais um império abrindo alas com todo o horror incluído nele no desejo de islamizar o mundo. O E.I. em seu primeiro passo justifica a matança indiscriminada de civis e inocentes como vingança e o objetivo dele parece ser o EUA. A França começou na escalada do terror por ser o pais mais próximo.

Se não tivesse morrido em 2003, Edward Said teria, nas notícias do dia 13 de novembro de 2015 um bem acabado exemplo das suas observações e talvez ele diagnosticasse no ataque o começo para o ocidente da terceira guerra mundial contra um inimigo feroz, cruel, criminoso e, por enquanto… sem um rosto definido.
E o Exército Islâmico vai continuar o horror…

Abraços

Mario

Posted in Contos.