FILOSOFIA – GRUPO PESSOAL E DINÂMICO. CAMINHADA – JUNIOR

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Mais uma caminhada do Mario!

“Um dia caminhei uns 18 quilômetros pela Serra do Mar até o Salto Paraty. Estava no meio de mais gente do grupo de caminhadas do Luiz e foram se espaçando em blocos à medida que a Floresta Atlântica mostrava dificuldades no caminho que afinava, alargava, revelava pedras, estreitava de novo e… sempre subia, sempre! 

Chegamos ao Salto. Uma cachoeira muito bonita. Depois do encanto da paisagem a realidade da volta. Só que antes dela um restaurante simples e acolhedor próximo a queda que tinha peixe, camarão & mais coisas boas… e cerveja. Bem mais cerveja que camarão! Olhei para um cara legal com o qual conversava e consideramos que tomando cerveja, com certeza, não iríamos encarar com tranquilidade mais oito quilômetros à civilização. Ele concordou. Abandonamos (a francesa) o pessoal que já afundava na loira e saímos.  Na saída fomos vistos por uma mulher bonita e sorridente, a Sônia  que perguntou: “Posso ir com vocês?” Respondemos em uníssono: “Claro que sim. Um prazer”. E fomos. Grandes papos sobre tudo nos quilômetros de floresta: natureza, a vida a morte… Criação, evolução. Ideias. Deus? Como ele É. E mais. 

Como uma cervejinha, o caminhar também estimula o papo genial, só que nas circunstâncias da Serra do Mar caminhando firme a gente chega. Com a ‘loira’ a gente fica.  

E indo, viemos e bem. Depois fonemas, e-mails e um dia veio à continuação do papo. Um encontro para falar sobre conceitos & ideias.

Naquele momento já tínhamos descoberto que éramos  legais pacas e havia empatia entre a gente. A Sônia uma psicóloga conhecida e respeitada em Curitiba. E eu gosto de caminhar e o Odair que sugeriu a fuga da loira pela floresta um ótimo executivo.  

Combinamos mais. Iríamos nos encontrar e conversar sobre filosofia, filósofos. Começamos no consultório da Sônia com um texto de Epicteto… E mais um bom vinho. Quem sabe se por isso, o Epicteto saiu-se muito bem. Depois seguindo uma sugestão do Odair pegamos a História da Filosofia e já passeamos por Sócrates, Platão e Aristóteles. Que trio! A caminhada continua…

Sócrates o grande questionador que adorava revelar os limites dos porquês as pessoas criam. Platão levantou a idéia que o mundo não é o que ele aparenta… Aristóteles foi diferente. Acreditava que o ser humano tem uma função e o melhor jeito de viver, segundo ele é quando usamos a razão e que para melhorarmos precisamos desenvolver o nosso caráter. Foi genial e inteligente em tudo que estudou e pesquisou o que fez com que todos acreditassem que ele estava absolutamente certo com relação a tudo. 

É um pepino acreditar que algo tem que ser verdade absoluta porque alguém de “autoridade” disse que a coisa é. Instituições e religiões nascem assim!

E rolaram papos incríveis entre nós procurando colocar o que é bom daquilo que lemos e compreendemos no nosso dia de estudo!

É, Falta tempo na vida.

E na seqüência dos filósofos veio Pirro. O cético absoluto e imbatível. Não cria em nada. Nada. Nada existe. Nem você existe, sabia? E não venha com essa que existe por que tem carro e emprego. Pode ser uma ilusão… Ninguém enganava o Pirro. Nem eu existo! Bem, às vezes também tenho dúvidas… Mas se o Imposto de Renda sabe que existo e me deu o CPF… Eu Sou! 

No bate papo que se seguiu a análise de Pirro concordamos que é melhor ser mais ou menos cético. Um pouquinho mais até. Comentamos exemplos de coisas no mínimo estranhas e até perigosas hoje em dia em nossos ambientes de trabalho e relacionamentos. 

Tem cada uma… 

Depois de quase dois mil e duzentos anos chegamos à maturidade e o pleno desenvolvimento do pensamento de Pirro hoje. O “ceticismus brasiliensis” tipo “um ôlho no gato e outro na frigideira” estando pronto para não pôr o pé em tudo que rola! Pirro ficaria orgulhoso do nosso desempenho se o visse… e cresse nele! 

E assim vai. 

A Sônia é genial. Sabe ouvir e fazer perguntas e se expressa muito bem. Sensível e com uma experiência clínica em psicologia que ilumina. Ela sempre diz que toma muito pouco vinho… Pouco em comparação com o Odair e eu. Ela tem um abridor de garrafas sofisticado, movido a energia elétrica que encanta a gente! 

Um dos significativos momentos do nosso “grupo de filosofia” – como eles o chamam – é o uso do abridor de garrafas dela.

O Odair é um cara ótimo, vivo, inteligente e suas histórias são crônicas de vida. Viaja muito, entende bem o que faz e faz o que gosta. Mora num apê pequeno, bonito, nono andar e foi presenteado com uma fantástica vista para a Serra do Mar. Olha só, no espaço de uns dois metros quadrados de sacada ele plantou um pé de milho! Depois do milho a Serra do Mar! 

Sou um felizardo; aprendo, falo menos e compartilho com eles muito da minha aventura de vida à medida que vou pegando o que falamos e curtindo o estímulo do tempo dinâmico com eles. 

Recentemente ambos comentaram que alguns amigos e amigas deles ficaram com uma vontadezinha de participar no Grupo Filosófico. Garramos a pensar juntos. O grupo somos nós. Não precisamos pôr ninguém nele. O grupo Filosófico não será incluído em nada. Se alguém vier deve ser um grande amigo da gente e o grupo poderia ficar no máximo com umas cinco pessoas… Comunicação, sacou? Se enchermos a sala de gente ela vai ter que crescer, que aumentar e tudo vira palestra e surge alguém que vai querer comandar a “coisa”. 

Criar “coisas” é muito fácil.

Continuar com algo bonito, dinâmico e pessoal é um desafio para a vida.
O bom é que a caminhada ao Salto Paraty continua… “

Um abraço

Junior

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